A Rã Sabia
Como a onça estivesse para casar-se, os animais todos
andavam aos pulos, radiantes, com olho na festa prometida. Só uma velha rã sabidona torcia o nariz áquilo.
O marreco observou-lhe o trejeito e disse:
— Grande enjoada! Que cara feia é essa, quando todos nós pinoteamos alegres no antegoso do festão?
— Por um motivo muito simples, respondeu a rã. Porque nós, como vivemos quietas, a filosofar, sabemos muito da vida e enxergamos mais longe do que vocês. Responda-me a isto: se o sol se casasse e em vez de torrar o mundo sozinho o fizesse ajudado por dona sol e por mais varios sois filhotes? Que aconteceria?
— Secavam-se todas as aguas, está claro.
— Isso mesmo. Secavam-se as aguas e nós, rãs e peixes, levariamos a bréca. Pois calamidade semelhante vai cair sobre vocês. Casa-se a onça, e já de começo será ela e mais o marido a perseguirem os animais. Depois aparecem as oncinhas — e os animais terão que aguentar
com a fome de toda a familia. Ora, se um só apetite já