nança pôde continuar a viagem. Dirigiu-se a um lindo arrozal, pensando:
— Que vidão irei passar neste mimoso tapete de verdura!
Aí!... Nem bem pousou e já se sentiu preso num laço.
Uma hora de desespero, a debater-se...
Foi feliz ainda. O laço, apodrecido pelas chuvas, rompeu-se e o pombinho safou-se. E fugiu, exausto, com varias penas de menos e um fio de barbante aos pés, a lhe embaraçar o vôo.
Nisto um gavião surge, que se precipita sobre ele com rapidez de flecha. O misero pombinho, atarantado, mal tem tempo de abrigar-se no terreiro dum casebre de lavradores. Desse modo livrou-se do rapinante, mas não pôde livrar-se dum menino que de bodoque em punho correu para cima dele e espeloteou-o.
Corre que corre, pereréca que pereréca, o malaventurado pombinho conseguiu ainda uma vez escapar, oculto num ôco de pau.
E ali, curtindo as dores da asa quebrada, esperou pacientemente que o inimigo se fosse. Só então, com mil cautelas, pôde fugir para o ninho.
Ao vê-lo chegar, arrastando a asa, depenado, moido de canseira, o companheiro beijou-o por entre lagrimas e disse: "Bem certo o ditado: Boa romaria faz quem em casa fica em paz".
— Não concordo, vóvó! disse Pedrinho. Se toda gente ficasse fazendo romaria em casa, a vida perderia a graça. Eu gosto de aventuras, nem que volte de perna quebrada.
— Eu tambem! berrou Emilia, e hei de escrever uma fabula o contrario dessa.
— Como?
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