Primeiro amor, antigas amizades;
A saudade cruel com dor recorda
A marcha errante que seguiu a vida,
E nobres peitos lembra, que frustrados
Pela sorte de dias deleitosos,
Antes de mim a vida terminaram.
Meus derradeiros cantos não escutam
Aquelles para quem cantei primeiro;
Dispersa jaz essa phalange amiga,
E mudos, ai, os echos despertados
Nesse tempo feliz. Minhas endeixas
Por entre turba incognita resoam,
De quem o louvor mesmo m'entristece;
Espalhados, errantes são no mundo
Os que meu canto amavam — s'inda vivem.
Saudade, a que já 'stava desaffeito,
Daquelles nobres placidos espiritos,
De mim se apossa, e qual eolia lyra
Só vagos cantos o meu estro entôa;
Estremeço, de lagrimas banhado
Commovido se sente o peito austero;
Como que foge o que possuo agora,
Em presente o passado eis se converte.