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Todo o burguez honrado, prostituta!
Ha de tremer-te o coração no peito
Se alguem te encarar! Nem cordão d'ouro
Tornarás a trazer, nem mais na Egreja
A chegar-te ao altar. Lenço de rendas
Não has de tu pôr mais, p'ra divertir-te
Nas danças aldeans. Num canto escuro,
Mettida entre aleijados e mendigos,
Embora do Senhor perdão alcances,
Has de na terra sempre ser maldicta!
MARTHA
Vossa alma ao senhor das misericordias
Recommendae, com maldicções ainda
A quereis carregar?
VALENTIM
Maldicta velha,
Se podesse arrancar-te a pell' tisnada,
Tinha certo o perdão de meus peccados.
MARGARIDA
Que dizes, meu irmão, ai que tormento!
VALENTIM
Já te disse que escondas essas lagrimas.
Quando a honra perdeste, mortal frida