Antigos utensilios, que não uso,
Jazeis aqui porque a meu pae servistes;
E tu, polé vetusta, ennegreceste
Tanto ha que na banca tem ardido
A amortecida lampada. Mil vezes
Antes a pobre herança haver disperso,
Do que penar aqui com este pouco
Opprimido. O que herdámos d'avoengos
É mister que o gosemos p'ra ser nosso!
O que não se approveita é grave carga,
E só nos serve o que o momento off'rece.
Mas porque sinto a vista acolá presa?
Aquelle frasco é para os olhos iman?
Porque de subito uma luz m'inunda,
Doce como a da lua em denso bosque?
Eu te saúdo, singular redoma,
Que respeitoso para baixo tiro!
Sciencia, e arte humana em ti venero.
Tu essencia dos succos soporiferos,
E das forças lethaes supremo extracto,
A teu senhor te mostra favoravel!
Vejo-te e meu soffrer tem lenitivo,
Toco-te e já serena o meu anceio,'
Do espitito as vagas tranquillisam-se.
Ao alto mar me sinto transportado,