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Galeria dos Brasileiros Ilustres 353

educação que fosse um modelo no gênero. A morte veio surpreendê-lo quando ele mais precisava de viver para completar sua obra. Entretanto o que ele deixou feito é muito em um país onde ordinariamente domina certo acanhamento de vistas nas mais úteis instituições. Muitos jovens, graduados hoje nas diversas faculdades do Império, aí estão para atestar os serviços que o finado Marinho prestou ao país fundando o seu estabelecimento de educação.

Não foi só como deputado e como instituidor da mocidade que Marinho prestou serviços ao país. Exerceu na província de Minas diversos cargos de eleição popular e de nomeação do governo. Em 1833 foi eleito juiz de paz de um dos distritos da cidade de Ouro Preto e eleito pela paróquia de sua residência.

Em 10 de novembro de 1834 foi nomeado depois do respectivo concurso professor de filosofia racional e moral da cidade de Ouro Preto. Algum tempo depois foi nomeado para exercer o mesmo emprego na cidade de S. João d’el-Rei.

Em 1845 nomearam-no diretor-geral dos índios da província de Minas e no ano seguinte procurador fiscal da tesouraria geral da mesma província. Exerceu esses lugares nos intervalos das sessões legislativas com o zelo e inteligência que o distinguiam.

Em 1847 apresentou-se candidato à igreja do SS. Sacramento do Rio de Janeiro, que se achava vaga. Seu ato no concurso a que se procedeu foi brilhantíssimo. Em 8 de maio foi apresentado e 3 dias depois confirmado e colado cura dessa igreja. O modo por que Marinho desempenhava as funções do seu sagrado ministério conciliou-lhe bem depressa o amor e o respeito do rebanho que fora confiado ao seu zelo.

A palavra sagrada tinha nele um eloqüente intérprete. O padre Marinho era incontestavelmente uma das glórias da nossa tribuna religiosa. Homem de fé robusta e ardente, senhor dos segredos da verdadeira eloqüência, a palavra de Deus saía dos seus lábios cheia de unção e capaz de fazer penetrar os raios da fé nas inteligências as mais obcecadas pelo materialismo da época.

Poucos anos depois de ordenado o padre Marinho conquistara no púlpito uma das reputações mais merecidas. Não só na província como na capital do Império sua palavra era ouvida com profunda atenção. Nas ocasiões as mais solenes era ele o pregador preferido.