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INTRODUÇÃO

Cruzamento da raça européia com a indígena de S. Vicente e S. Paulo


Começamos este nosso trabalho genealogico com uma noticia sobre os portugueses que, chegados á S. Vicente antes e depois de sua fundação, se ligaram ás filhas dos principaes de diversas tribus espalhadas nas vizinhanças d’essa povoação e nas de S. André e S. Paulo de Piratininga povoações que foram fundadas alguns annos depois da 1.ª

Quando Martim Affonso de Sousa em 1532 pela primeira vez desembarcou na praia de Bertioga, já encontrou em terra vivendo entre os indios dous portugueses, que lhe serviram de interpretes, e foram João Ramalho e Antonio Rodrigues: o 1.° estava ligado maritalmente com - Mbicy - [1] filha do chefe indio Tevereçá ou Tebiriçá que tinha sua séde em Inhapuanbuçú nas vizinhanças de S. Paulo; o 2.° vivia tambem maritalmente com a filha do cacique Piquerohy maioral de Ururay, a qual foi baptizada com o nome de Antonia Rodrigues. Outros caciques ou principaes existiam nas vizinhanças de S. Paulo de Piratininga, com cujas filhas, depois da fundação de Santo André e da villa de S. Paulo (que supplantou e extinguiu a 1.ª) se casaram muitos portuguezes, primeiros povoadores da capitania.

De um antigo manuscrito[2] descoberto pelo doutor Ricardo Gumbleton, que o fez publicar na Revista do Instituto

  1. Machado de Oliveira dá-lhe o nome Bartira.
  2. O doutor Ricardo Gumbleton assevera ter lido no manuscrito a data de 1613; nós o julgamos escripto em data muito posterior, porque ahi está já mencionado o casamento de Anna Luiz Grou, f.ª do capitão Simão Alvares do § 2.º do Cap. 1.º com Antonio Pires de Medeiros, quando é certo que ele teve lugar em 1635 em S. Paulo. Entretanto, a autenticidade e importância desse manuscrito não podem ser postas em dúvida, visto estar de conformidade com os inventários e outros documentos desses tempos da povoação de S. Paulo.