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Página:Graciliano Ramos - S. Bernardo (1934).pdf/21

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IV


Resolvi estabelecer-me aqui na minha terra, municipio de Viçosa, Alagoas, e logo planeei adquirir a propriedade S. Bernardo, onde trabalhei, no eito, com salario de cinco tostões.

Meu antigo patrão, Salustiano Padilha, que tinha levado uma vida de economias indecentes para fazer o filho doutor, acabara morrendo do estomago e de fome sem ver na familia o titulo que ambicionava. Como quem não quer nada, procurei avistar-me com Padilha moço (Luiz). Encontrei-o no bilhar, jogando baccará e completamente bebedo. Está claro que o jogo é uma profissão, embora censuravel, mas o homem que bebe jogando não tem juizo. Aperuei meia hora e percebi que o rapaz era pechote e estava sendo roubado descaradamente.

Travei amizade com elle e em dois mezes emprestei-lhe dois contos de reis, que elle sapecou depressa na orelha da sota e em folias de bacalhau e aguardente, com femeas ratuinas, no Pão sem Miolo. Vi essas maluqueiras bastante satisfeito,