Página:Guerra dos Mascates (Volume I).djvu/110

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a catadura, e via-se então que era homem de dar e tomar, como se dizia no sertão.

E no sertão deixara o Padre João da Costa, no tempo que por lá andara, memória de suas proezas. Entre outras cousas dizia-se que na festa de uma freguesia, apresentara-se no largo, e puxando da faca, arremetera contra uni pimpão para lhe bifar a rapariga com quem estava; e conseguiu, porque era o frade faquista de fama, e o outro sentiu bater-lhe a passarinha. Tomando então a moça de garupa, saiu o fragueiro do reverendo pela povoação afora, mui ancho de si.

É verdade que estas e outras anedotas vinham de Olinda, onde o Padre João da Costa era abominado, como a alma da conspiração dos mercadores, e o espírito daninho que o estimulava contra os nobres e moradores da terra. Convém portanto dar a tais murmurações o devido desconto da paixão partidária, tão acesa naqueles tempos.

O outro personagem era homem de seus trinta anos, bem fornido de carnes, com uma dessas construções maciças, que se podem bem comparar na arquitetura humana aos edifícios de pedra e cal, sólidos e elegantes. Tinha bela presença; e uma compostura, a que dava realce a galhardia marcial, rara em um mercador, como ele era.