Página:Guerra dos Mascates (Volume I).djvu/13

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sem respeito à santidade do lugar e ao recato do sexo. E por quê... Pelo crime imperdoável de ser mãe de um nosso amigo, o Sr. C***, oposicionista importante. Para se avaliar quanto sofreu a ilustre matrona, bastará saber-se que no meio do tumulto caiu-lhe uma liga de preço, e esse penhor da castidade veio a servir - horresco!... de joguete à canalha.

No dia seguinte o corpo da igreja onde se fez a eleição, apresentava aspecto igual ao teatro de uma bacanal. Rolavam pelo chão, de envolta com aqueles objetos respeitáveis, maços de cédulas arrancados à urna violada, e sobejos da opípara ceia com que banquetearam a seus janízaros.

E o governo, depois de se debochar nessa orgia, ousará ainda com o maior cinismo falar em liberdade de voto e pureza de eleição! Infeliz país, governado por lacaios a quem servem outros lacaios, e outros, desde a antecâmara até a cocheira.

Um esquisitão que havia em Pernambuco, republicano de 1817, convertido em comendador, ao ler aquele trecho saiu-se com estaque não era escrito de pena, mas de chuço.

Tinha uma nota o artigo, e assim concebida:

Ficam em nosso poder, onde podem ser examinados, os objetos a que nos referimos, verdadeiro corpo de delito da saturnal representada pelos esbirros do governo.

Muitas pessoas foram ao escritório da folha ver a cabeleira, a liga e o maço a que aludia o artigo. Entanto era a toda pressa chamado a palácio