Página:Guerra dos Mascates (Volume II).djvu/103

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a todos, mas era preciso que estivesse em campo raso. Assim de emboscada, com certeza o acabam.

— Não há de acontecer essa desgraça.

— Se já não aconteceu agora mesmo que lhe falo. A senhora consente que se mate a traição, aqui dentro da sua casa, a seu sobrinho, porque ele o é?

Estava precisamente a D. Severa pensando que era aquele um dos casos em que uma dama, segundo as regras da cavalaria andante, devia intervir em favor do oprimido; pelo que tomando a generosa resolução, disse para o Nuno, com o tom senhoril de uma castelã:

— Ide armar-vos, pajem, enquanto me adereço para amparar nossa formosa sobrinha e salvar-lhe o esposo.

— Mas, senhora; se perdeis um momento, chegaremos tarde.

— Quereis que me apresente neste desalinho, acudiu D. Severa pudicamente; e vós sem armas, que ajuda podereis dar?

Só então reparou Nuno no fresco atavio de ninfa em que se achava D. Severa; e pronto a replicar acerca da sua armadura da véspera que o esperava embaixo, não achou argumento contra a necessidade que tinha a dama, de um traje mais avaro de seus encantos serôdios.

Força foi ao moço, resignar-se durante meia hora em que, roído