— Eu logo vi que eram artes deste peralta! Que anda você fazendo por aí com a minha mantilha?
— Nada; foi para divertir-me com os rapazes.
— E por causa das suas brejeiradas me deixa aqui presa quando me estão esperando na casa da Rosaura a que prometi não faltar! Ai que não sei onde estou, marotinho, que te não arranco esses olhos de cabra morta!
— Ora, não se zangue, prima Inacinha, disse o Cosme com ar magano, que eu tenho um segredinho para lhe contar.
— De Olinda? perguntou a Inácia em cócegas. O que é?
— Escute!
Conchegaram-se os dois a um canto, e pôs-se o Cosme a cochichar no ouvido da prima, que estava num formigueiro com a pressa de ir-se ao serão ajustado, e o prazer da novidade que levava.
Acompanhara o gaguinho o tal segredo de um acionado original, e de uns requebros de corpo, com que se enroscava pela Inacinha, a qual não se agastava com essas licenças oratórias do escrevente.
Acabou o Cosme dando à prima um papelinho, que ela meteu no cabeção e traspassando a mantilha, enfiou pela porta fora, como galinha poedeira à cata do ninho onde largue o ovo.