Página:Guerra dos Mascates (Volume II).djvu/163

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Pouco havia que saíra da sala, e ainda as outras se riam dos arreganhos marciais da ninfa, quando o lacaio da entrada veio com recado de segredo a D. Lourença, a qual deitando os olhos para o corredor, viu aparecer no fio da porta fechada a meio, um pedaço de cara de fuinha que se havia de jurar ser a do Cosme Borralho.

— Está aí o moço do senhor licenciado Davi de Albuquerque, disse o escravo à puridade.

— Leva-o para o oratório, que já ai vou, respondeu a dama.

D. Lourença deu tempo a executar-se sua ordem e saindo por uma porta do interior, dirigiu-se ao lugar indicado que era o mais reservado e onde se tratavam os negócios de monta.

Entretanto D. Severa corria toda a casa á busca do Nuno, mas não lhe viu nem a sombra.

O brejeiro do rapaz, que era um azougue, aborrecido da estação a que o obrigava a D. Severa, em pé atrás de sua cadeira como pajem de estrado, não perdia ocasião de escafeder-se e ganhar a rua ou quintal. Naquele dia achando aberta a casa do trem, aproveitou a ocasião tão suspirada, e armando-se de uma grande catana, começou a esgrimir contra uma armadura completa que, posta no meio da casa e enfiada no seu cabide, parecia um guerreiro antigo armado de ponto em branco.