dos pelados ou às cãs dos velhos. Deixava-os a curtir fome e sede, enquanto ele examinava uma frandulagem qualquer que encontrava em suas excursões.
Mas quem penetrasse no interior de Sebastião de Castro conheceria que para o fidalgo esses oficiais, com raras exceções, não eram homens, porém uma cousa entre o criado e o animal: uma espécie de mobília de palácio. Não lhes tinha a menor estima; quando muito sentia por eles a afeição do hábito que tomamos a um traste pela comodidade que nos presta.
Se algum morria, era uma contrariedade e nada mais. Mandava por um companheiro dar os pêsames à família, e à noite para distrair-se comparecia ao sarau da nobreza ou dos mascates.
Entretanto contava-se que, se acontecia adoecer algum dos seus criados de quarto, saía ele com toda a comitiva, pondo de parte as cousas do Estado, para visitá-los ao leito. Estes fatos eram depois referidos e comentados com muitos louvores à caridade do fidalgo.
Na extremidade da galeria estava uma sala com as paredes cobertas de lambéis e alcatifada com um tapete da Turquia e cadeiras estofadas de veludo de Utrecht: restos já rafados das galas primitivas. Para esta sala entravam os homens da governança, que deviam compor