Página:Guerra dos Mascates (Volume II).djvu/241

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Espalharam então que fora a mandado dos mascates e ganhando pingue espórtula, mas isso não passou de uma das muitas calúnias tão freqüentes naquele tempo e a que não escapou o próprio Sebastião de Castro, apesar de seu proverbial desinteresse.

Não é este o momento de referir os sucessos que puseram termo ao governo de Sebastião de Castro Caldas, e que pertencem à crônica seguinte. Esta termina com o primeiro e efêmero triunfo dos mascates, e com a instalação da vila do Recife.

Anteciparemos porém este ponto: que Sebastião de Castro mostrou-se na adversidade o varão forte de Horácio, a quem as ruínas de seu fastígio não esmagam, mas ao contrário exaltam, como um pedestal.

É o destino dos homens fadados para a dominação. O poder e a fortuna os expande; e eles absorvem ou repelem quantos se lhe aproximam. O revés e a desgraça os concentra, e então eles acham dentro em si um mundo onde se isolam.

Na noite em que Sebastião de Castro embarcava na rampa de palácio para transportar-se a bordo do navio que devia conduzi-lo à Bahia, diversas pessoas o acompanhavam.

Destas, algumas eram os principais mercadores que, temendo as represálias dos nobres, fugiam à