como o dinheiro o leite de que se amamentavam. Por isso, continuando a favonear a nobreza, o novo governador prelibava o suave prazer de fazer do Recife um espinho para cravá-lo no orgulho de Olinda.
Em segredo representou a El-Rei mostrando a urgência da separação do Recife; e tão avisadas foram suas razões que, finalmente, por carta régia de 19 de novembro de 1709 foi criada a vila.
Digamos em abono da verdade que foi essa uma medida de toda justiça. O Recife, a primeira praça de guerra do Estado do Brasil, como se pode ver do inventário feito em 1654, ao tempo da sua evacuação e entrega pelos holandeses; o ponto comercial mais importante ao norte do Cabo de Santo Agostinho, com uma população de cerca de oito mil almas, e as melhorias que lhe tinham ficado do domínio flamengo quando era corte do Conde de Nassau; o Recife não devia com a restauração ter perdido o seu título de cidade.
Mas apesar de todas estas razões políticas, Sebastião de Castro descobriria alguma conveniência para adiar a criação da vila, se não estivesse nisso empenhado o seu amor-próprio.