Página:Guerra dos Mascates (Volume II).djvu/46

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aos governadores, mas que eles recebiam de todos com prazer em vez da chata senhoria, havendo-os que o impunham de preceito, bem como outras cortesias a que não podiam pretender, pois eram prerrogativas da majestade.

Guardando ao governador a reverência que julgava devida, o alferes cortejava-o com o chapéu quando o encontrava, mas não ficava de cabeça ao tempo, como usava a gente principal, que não se cobria nem voltava as costas estando ele presente e até o perder de vista.

Também não era Vital assíduo em palácio onde compareciam habitualmente todos os que tinham oficio público ou posto de milícia e ordenanças. Alguma vez que lá ia de longe em longe, levava<) mera urbanidade e não lisonja.

Passava Sebastião de Castro por filósofo e desabusado acerca dessas maneiras palacianas. do que muito se lastimavam os oficiais de sala, então como agora mais realistas do que o rei. Todavia nunca se lembrou o fidalgo de acabar com tais práticas, no que bem mostrava não lhe serem desagradáveis e menos incômodas.

Mas por cima dessas esquisitices veniais, tinha Vital Rebelo pecado mortal. Uma ou outra vez em discurso com o próprio Sebastião de Castro, e muitas nas práticas dos mercadores, chegara a dizer que os governadores abusavam do, seu regimento,