Página:Guerra dos Mascates (Volume II).djvu/56

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agilidade alcançou o parapeito do balcão e saltou na janela, ao lado de Figueiredo.

Quando este apercebeu-se do lance, estava sujigado à portada pela mão robusta de Rebelo, que desembainhando a adaga disse para Leonor:

— Tomai-me este cravo, senhora, e prendei-o ao peito de vosso justilho, por que se o deixais cair, à fé de Deus e da muita adoração que me mereceis, juro-vos que o plantarei no coração deste cavalheiro com a ponta de meu punhal.

Leonor espavorida obedeceu maquinalmente, e Rebelo, deixando o capitão ainda sufocado da gargantilha viva que lhe cerrara o pescoço, saltou na sela e afastou-se a galope.

Tão rápida correu esta façanha, que já o alferes desaparecera no fim da rua quando André de Figueiredo se debruçava na sacada furioso, com os dentes a ranger e os lábios trêmulos de ira.

Estava temeroso assim o capitão, que já de si era, ainda mesmo em sossego, de aspecto duro e carrancudo. Dobrando a meio sobre o parapeito a alta estatura, devorava com o fero olhar o espaço em busca de Vital.

Era Leonor filha única de D. Antônia de Figueiredo, a qual depois da morte de seu marido Luís Barbalho de Vasconcelos, viera habitar nas casas do irmão André de Figueiredo, onde também