Página:Guerra dos Mascates (Volume II).djvu/65

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o fareis. E também vos digo que, eu vivo, aquele vilão não passará a soleira desta casa. Nem jamais terei por meu sobrinho e vosso filho o perro que eu jurei de coser com esta adaga.

Parece que D. Antônia contou ao tio as ameaças do irmão, pois nessa mesma tarde, antes de montar a cavalo, buscou o capitão-mor a André de Figueiredo.

— Sabereis, meu sobrinho e senhor Capitão André de Figueiredo, que me veio ao conhecimento vossa intenção de desafiar-vos com Vital Rebelo; e então ocorreu-me dizer-lhe que doravante, visto ser por minha vontade que o rapaz corteja Leonor, não é com ele, mas comigo, que vos tereis de haver, do que vos dou aqui por ciente.

Estas palavras as proferira o velho desempenando o grande talhe com o garbo marcial de outros tempos; e rematou-as batendo com a palma da mão direita nos copos da espada suspensa ao quadril. Depois cortejou, tocando com donaire na aba do chapéu:

— Ao seu dispor, senhor capitão.

André de Figueiredo, de cabeça baixa, não abriu boca, temendo ao descerrar os lábios que lhe rompessem, não palavras, mas todas as pragas do inferno que lhe ferviam no coração. Quando se foi o tio, rugiu de cólera, arrancando um punhado de barbas.