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Página:Guerra dos Mascates (Volume II).djvu/75

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Como bom político, pensava o fidalgo que a nau do Estado devia por sua grande monta andar sempre a duas amarras. Com esta máxima significava que se devem distribuir os favores entre os partidos, de modo que tocando a um as mercês, ao outro fiquem os afagos.

Por isso era o governador o primeiro antagonista dos mascates, de quem se rodeava, assim como o primeiro apologista dos nobres, que não perdiam ocasião de feri-lo.

Estando pois em palácio os principais de Olinda, acertou-se de falar do ajustado enlace de D. Leonor Barbalho com Vital Rebelo; e tomando o governador interesse na prática, alongou-se esta pela noite adiante.

Haverá quem repare em ocupar-se longamente do casamento de uma moça, um governador, cujo pensamento deve estar sempre preocupado de negócios de suma gravidade. Mas, além de contar-se o talento das minudências entre ápices régios, atenda-se a que naqueles tempos idos a arte da governança ainda se praticava por esse teor da política de aldeia.

Demais, tenho para mim que no alfarrábio donde se vai extraindo esta crônica anda metida muita alegoria, com que o letrado Carlos de Enéia, seu apócrifo autor, quis significar certos enredos de governo por contos de amor. figurando