Página:Helena.djvu/192

Wikisource, a biblioteca livre

na ocasião em que todos caminhavam para a mesa. Mendonça não respondeu nada. Contra o costume, falava pouco, — menos ainda que na véspera e nos dias anteriores. D. Úrsula via a diferença mas não a compreendia.

— Não quero saber que pecados confessou, disse ela sentando-se; estou certa de que o maior deles não levaria ninguém ao purgatório.

— Veja o que é uma tia indulgente, observou Helena a Mendonça, sentando-se ao seu lado.

Preocupado com a conversa que acabava de ter na sacristia e na chácara, Melchior pouca atenção prestou a princípio ao filho do comerciante. Analisava as circunstâncias do momento e pesava a responsabilidade que lhe podia vir de qualquer resolução que adotasse. Após um longo diálogo com a consciência, o velho sacerdote inclinou os olhos ao mancebo, que lhe ficava defronte, ao lado de Helena. Viu-os conversar. Ela mostrava-se graciosa, solícita e atenta, como uma esposa amante; ele parecia enamorado da voz e das falas da donzela; como que um clarão interior lhe desvendara à alma os horizontes infinitos da esperança. Familiarizado com Helena, tratado por ela com esquisita atenção,