Página:Helena.djvu/268

Wikisource, a biblioteca livre

Um raio de esperança alumiou a fronte de Estácio. O raciocínio do padre era exato, e por mais perigosa que fosse a situação revelada por ele, já agora não se podia desejar outra coisa; a dignidade da família ficava intacta. Estácio refletiu largo tempo no que acabava de ouvir. Mas a esperança foi curta, embora a necessidade dela fosse grande.

— Helena continua recolhida? perguntou o padre.

Estácio fez um leve sinal afirmativo.

— Falar-lhe-ei amanhã; por hoje convém não dizer palavra nem deixar transpirar coisa nenhuma.

Dizendo isto, Melchior recolheu-se ao silêncio, como se refletisse ainda alguma coisa. Estácio erguera-se e entrara a passear lentamente. De quando em quando, apertava a cabeça entre as mãos; tantas comoções bastavam para atordoar mais forte espírito. O mistério o cercava de todos os lados. Ele ia até à janela, daí até à porta, intercalando as reflexões interiores com sacudimentos nervosos do braço ou da cabeça. A intervalos, olhava a furto e de través para o capelão, como o criminoso olha para a consciência; não podia evitar o sentimento de terror, e ao mesmo tempo de respeito, que lhe infundia aquele investigador exato e profundo de seus sentimentos mais