Página:Helena.djvu/328

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Estácio mal ousava entrar na alcova da doente e não podia viver fora dela. Sua aflição era patente. Ele prometia a si mesmo todos os sacrifícios em troca da vida de Helena, espreitava uma esperança no rosto do médico, e interrogava o coração da tia e do padre. Na noite do sétimo dia da cena do jardim, D. Úrsula, que ficara ao pé de Helena, mandou chamar à pressa o sobrinho e o padre Melchior, que estavam na sala contígua. Acorreram os dois. Helena tivera uma síncope, que D. Úrsula cuidara ser a morte. Voltando a si, leu a moça a sua sentença no rosto de todos três.

— Ainda não, murmurou ela; ainda não é a morte.

D. Úrsula chegou-se-lhe mais perto, beijou-a, disse-lhe algumas palavras de conforto.

— Deixe estar, respondeu ela, deixe que eu não morro; estou só muito doente.

Estácio buscou animá-la, mas a voz morreu-lhe às primeiras expressões, e ele saiu. Melchior acompanhou-o.

— Uma coisa poderia talvez salvá-la, disse aflito o moço; era a presença do pai. Vou mandá-lo procurar por toda a parte. Havemos de achá-lo; é preciso que o achemos.

Melchior aprovou a idéia do mancebo; e não lhe disse que o remédio viria talvez tarde, se