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ficava nos fundos da casa, ao pé do qual estava situada a cavalariça. Naquele lado da casa corria a varanda antiga, onde a família costumava às vezes tomar café ou conversar nas noites de luar, que ali penetrava pelas largas janelas. Do meio da varanda descia uma escada de pedra que ia ter ao terreiro.

Já ali estava Helena. D. Úrsula emprestara-lhe um vestido de amazona, com que algumas vezes montara, antes da morte do irmão. O vestido ficava-lhe mal; era folgado demais para o talhe delgado da moça. Mas a elegância natural fazia esquecer o acessório das roupas.

— Pronta! exclamou Helena apenas viu o irmão assomar no alto da escada.

— Oh! isso não vai assim! respondeu Estácio. Não suponha que há de montar já hoje como a moça que ontem viu passar na estrada. Vença primeiramente o medo...

— Não sei o que é medo, interrompeu ela com ingenuidade.

— Sim? Não a supunha valente. Pois eu sei o que ele é.

— O medo? O medo é um preconceito dos nervos. E um preconceito desfaz-se; basta a simples reflexão. Em pequena educaram-me com