TIA NASTÁCIA — Não se incomode, menina. O Visconde é de
sabugo e foi feito por estas mãos aqui. Se levar a breca faço
outro ainda mais bonito hoje mesmo. Vamos, seu Vis-
conde. Que está esperando? Pule. Salve a família.
O Visconde prepara-se para sair, mas antes disso vai espiar o terreiro e vê a vaca mocha de Dona Benta mascando umas palhas ali por perto.
VISCONDE — (Apavorado.) Não posso ir. Ela está no ca-
minho!...
NARIZINHO — Que ela é essa, medroso?
VISCONDE — A vaca mocha! De lobo, de dragão, de rinoceronte
eu não tenho medo, mas de vaca tenho e hei de ter sempre.
Foi a mocha quem comeu meu pai e minha mãe e todos os
meus irmãos e parentes. Essa peste de vaca não perdoa a
um só sabugo. Assim que vê um colhe-o com aquele linguão
vermelho e o vai mascando com a maior sem-cerimônia.
Não vou, não vou e não vou.
O lobo continua a uivar e arranhar a porta. Dá um grande urro. Capinha, muito pálida, vacila.
NARIZINHO — Acudam Capinha está desmaiando!...
Pedrinho corre para Capinha e a sustenta nos braços. Leva-a para o colo de Dona Benta. Depois corre ao bodoque e, de cima da mesa, através do vão da janela, prega umas pelotas na vaca. A vaca foge para o pasto.
PEDRINHO — Para a mocha, bodoque! "Zum!" Acertei uma na
anca. "Zum!" Outra na orelha. Lá vai ela fugindo. "Zum!"
Mais uma na teta. Esta valeu! Pronto, Visconde! O caminho
está desimpedido.
O Visconde sai, ajudado pelo menino.
PEDRINHO — (Sempre a espiar.) — Lá vai ele com muito medo,
a olhar de todos os lados. É o eterno medo que o Visconde
sempre teve da vaca mocha, porque ele é sabugo e vaca não
perdoa sabugos. Come mesmo. Agora fez um rodeio para
não passar perto do galo. Medo que o galo coma os três