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O CENTAURINHO



O FATO MAIS IMPORTANTE daquele ano foi a trazida de um centaurinho para o mundo moderno. Toda gente sabia o que era centauro: um ser metade homem, metade cavalo. E não havia quem não tivesse visto uma pintura qualquer de centauro. Mas centauro de verdade nunca ninguém vira nenhum — nem seco ou empalhado nos museus. E vai, senão quando, que é que aparece no sítio de Dona Benta, em companhia de Pedrinho, Emília e do Visconde de Sabugosa, quando voltaram da Grécia Antiga depois das famosas doze façanhas de Hércules? Um centauro vivo, o centaurinho Meioameio, nome com que Emília batizou o potro de centauro que Hércules havia capturado nos campos da Argólida. Era um bichinho selvagem que rapidamente se educou, e quando os três picapauenses voltaram para o sítio, ele veio também — por gosto, não à força.

A volta da Grécia foi feita por meio do pó de pirlimpimpim, cujo funcionamento todas as crianças conhecem. Basta aspirar uma pitada, ouve-se um "fiun!" e pronto!, está chegado. Assim foi daquela vez. Pedrinho deu uma pitada de pó a cada um, todos a aspiraram ao mesmo tempo... e pronto, estavam chegados ao Sítio do Picapau Amarelo.

Quando Pedrinho voltou a si e se sentou, viu logo adiante um grupo formado por Dona Benta, tia Nastácia e Narizinho, todas de mãos na cintura, em redor duma "coisa" estirada no chão e ainda profundamente adormecida: o centaurinho.

— Não estou entendendo nada — dizia a negra. — Minha vista não é boa, mas o que eu vejo é uma mistura de cavalo e cavaleiro. Parece que os dois caíram, e o cavalo escondeu as pernas do cavaleiro e o cavaleiro escondeu a cabeça do cavalo ...

Dona Benta, que também tinha a vista fraca, achava que talvez fosse isso; mas Narizinho deu uma risada.