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e teve o título de substituto na Universidade. Viveu uma vida feliz de estudos e alguns pequenos trabalhos literários. Cultivou então a amizade do célebre erudito português, o futuro arcebispo de Évora, Frei Manoel do Cenáculo, que associou o nosso patrício aos seus estudos das línguas orientais contra o estreito confinamento dos jesuítas na só literatura latina. Não se sabe ao certo por que se achou Durão na contingência de deixar Portugal, retirando-se, senão fugindo, para Espanha. Na carta em que conta a Fr. Manoel do Cenáculo a sua escapula e lhe reclama o apoio, apenas diz: «As minhas desgraças me levaram inconsideradamente à Cidade... em 1762», sem explicar quais desgraças foram. Após alguns vexames que por motivo de estado de guerra entre a Espanha e Portugal ali sofreu, inclusive a prisão, pôde transferir-se à Itália, onde se achava já em 1764. Em Roma soube fazer-se patrocinar por alguns figurões da Cúria, entre os quais o famoso Ganganeli, o futuro papa Benedito XIV, que lhe arranjou o lugar de bibliotecário da livraria pública Lancisiana, onde esteve por nove anos, bem aceito dos literatos romanos, que o meteram em várias das suas sociedades literárias. É notável que ele não figure com algum nome arcádico, indicando ter pertencido à Arcádia Romana. Naquele cargo aposentou-se, no propósito de concorrer a uma cadeira das que se esperava vagassem na Universidade de Coimbra com a iminente expulsão dos jesuítas. Graças, parece, ao apoio de Cenáculo e à benevolência do nosso compatriota D. Francisco de Lemos, amigo de Durão, recém-nomeado por Pombal reitor da Universidade, realizou-se-lhe aquele propósito, pois o encontramos em 1778 recitando como opositor a oração de sapiência na abertura das aulas.