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era o mesmo Arcadismo o tom dominante nas letras. Da Alemanha irradiou por Inglaterra e França. Nestes países as suas primeiras manifestações consideráveis são já do princípio do século XIX. Só quase vinte e cinco anos mais tarde começaria a sua influência a se fazer sentir em Portugal, onde as suas ainda indecisas manifestações datam exatamente do princípio do segundo quartel do século. Com a sua terceira década entra ele no Brasil. Não foi, entretanto, de Portugal que o recebemos, senão de França, que ia ser e permanecer a principal fornecedora de idéias, de sentimentos e até de estilo à nossa literatura.

Mas entre o fim do renascimento poético aqui operado (dentro aliás só de si mesmo e sem irradiação notável) pela plêiade mineira e as primeiras manifestações do nosso Romantismo, isto é, entre o último decênio do século XVIII e o terceiro do XIX, dá-se na poesia brasileira uma paralisação do movimento que parecia prenunciar-lhe a autonomia. Pode mesmo dizer-se que se dá um regresso ao estafado Arcadismo português. Nunca tivera o Brasil tantos poetas, se a esses versejadores se pode atribuir o epíteto. Relativamente aos progressos que já fizéramos, nunca os tivera tão ruins, tão insípidos e incolores.

Nesta fase arrolam os historiadores ou simples noticiadores da nossa literatura mais de vinte. Na vã presunção de lhes emprestarem valor, pois não é crível que efetivamente lho encontrem, sobre nomeá-los adjetivam-nos com qualificativos que a leitura dos seus poemas não só desabona mas prejudica.

São, calando ainda bastantes nomes, e na ordem cronológica, Francisco de Melo Franco (1757-1823), Antônio Pereira de Sousa Caldas (1762-1814), José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838), Silvério Ribeiro de Carvalho (1746-1843?), José Elói Otôni (1764-1851), Fr. Francisco de S. Carlos (1768-1829), Francisco Vilela Barbosa (marquês de Paranaguá) (1769-1846), Luís Paulino Pinto da França (1771-1824), Paulo José de Melo Azevedo e Brito (