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Capítulo VIII

O Romantismo e a primeira geração romântica

Tivesse o príncipe regente de Portugal, logo depois rei D. João VI, o propósito de preparar o Brasil para a independência, não haveria porventura procedido tão atilada e eficazmente. Por uma série de medidas econômicas e políticas, mal chegado ao Brasil havia ele começado a reforma completa do velho regime colonial, naquilo justamente que mais devia concorrer para despertar nos brasileiros o sentimento da sua personalidade e importância e lhes acoroçoar veleidades porventura latentes de autonomia e emancipação. A autonomia nos dera de fato a transplantação da realeza para cá, a elevação do Brasil a reino e a ereção do Rio de Janeiro em capital da monarquia portuguesa. A emancipação surgiria do conflito dessa autonomia com a insensata contrariedade que lhe criou a reação recolonizadora portuguesa.

Da geração que testemunhou, acompanhou e até fomentou ou promoveu os sucessos da nossa independência política, surgiu um seleto grupo de homens de estudo e letras que lhe completaram o feito insigne, dando à recente nação o abono indispensável da sua capacidade de cultura. É esse grupo que, sob o aspecto literário, chamo a primeira geração romântica, quero dizer os escritores que, influenciados pelo Romantismo europeu e seguindo-lhe aqui os ditames, apareceram de 1836 em diante e cuja atividade se dilatou por um quarto de século.

Além de Monte Alverne (1784-1858), que foi de algum