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Portugal, e nessas viagens completou a sua instrução geral e educação artística. Voltando ao Brasil nesse ano, fundou com outros o Conservatório Dramático e a Academia de Ópera Lírica, e tomou parte ativa e conspícua no movimento literário do Romantismo, colaborando em várias revistas, dirigindo outras, trabalhando no Instituto Histórico e publicando obras diversas. Posteriormente entrou para o Corpo Consular, tornando à Europa, que desde 1859 quase sempre habitou e onde morreu. Em Paris pertenceu ao grupo da Niterói, revista brasileira de ciências, letras e artes ali publicada em 1836, e que serviu de órgão à iniciação da literatura brasileira no Romantismo. Do mesmo grupo eram Magalhães e Sales Tôrres Homem, que a política devia em breve tomar às letras. Nesse período estreou com o poema A voz da natureza, composto em Nápoles, em 1835. Este «Canto sobre as ruínas de Cumas» é naquela época um poema estranho, inteiramente fora dos moldes da poesia contemporânea, alguma coisa que, não obstante fraquezas de inspiração e forma, se aproxima da poesia bem mais moderna da Lenda dos séculos e que tais interpretações poéticas da história. Em 1843, noutra revista que foi parte importante no movimento do nosso Romantismo, a Minerva Brasiliense, deu Porto Alegre à luz as suas primeiras Brasilianas. Muito mais tarde as reuniu em volume com outras composições e este mesmo título, que era de si um programa literário.100 A sua intenção declara-o ele no prefácio, não lhe pareceu ficasse baldada, «porque foi logo compreendida por alguns engenhos mais fecundos e superiores que trilharam a mesma vereda». E em seguida confessa ter desejado «seguir e acompanhar o Sr. Magalhães na reforma da arte, feita por ele em 1836 com a publicação dos Suspiros poéticos e completada em 1856 com o seu poema da Confederação dos Tamoios». O testemunho precioso de Porto Alegre ratifica