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Deu-lhe o prócere o de guarda da Alfândega com 400 mil-réis anuais, o que para o tempo e situação do poeta não seria tão mau como figurou Norberto na biografia de Teixeira e Sousa. O poema é A independência do Brasil, mais um dos muitos pecos rebentos da árvore camoniana, e este de todo mofino. A crítica, com Gonçalves Dias à frente, foi-lhe impiedosa. À vista, porém, da sua condescendência habitual com não melhores frutos da musa indígena contemporânea, é lícito supor que a humildade de condição do poeta fosse parte na justiça que lhe faziam. Desse péssimo poema salvou-se o autor com um verso que, como aquele também único verso da tragédia troçada por Pailleron, é bom, e ficaria proverbial:

Em nobre empresa a mesma queda é nobre.

Magalhães o citaria, sem nomear o autor, no seu prefácio dos Fatos do espírito humano, deturpando-o. Um escritor português, com a incoercível antipatia com que quase sempre olharam os escritores seus patrícios para os nossos, chamou-lhe de Camões africano. Esquecia que Camões como Teixeira e Sousa os tem havido em barda na sua terra, como lhe não lembrava que desde o século XV havia uma numerosíssima escravaria negra em Portugal... Auxiliado por amigos e associado a Paula Brito, abandonando o mesquinho emprego, abriu uma oficina tipográfica conjuntamente loja de objetos de escritório. Casou, fez família e maus negócios, fechou a loja e aceitou para viver o lugar de mestre-escola do Engenho Velho com casa e 800 mil-réis anuais, nomeado pelo marquês de Monte