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Capítulo XII

A segunda geração romântica. Os prosadores

Na prosa, um nome principalmente domina a fase literária que das últimas manifestações do primeiro Romantismo vai às primeiras do que, à falta de melhor nome, chamarei de naturalismo: José de Alencar. O seu aferro ao indianismo quando este já começava a ser anacrônico, os estímulos e propósitos nacionalistas da sua atividade literária, a despeito da cronologia o poriam espiritualmente na primeira geração romântica se, por outro lado, as qualidades peculiares do seu engenho, estro e estilo não o separassem dela. É uma das principais figuras da nossa literatura e, com Magalhães e Gonçalves Dias, um dos seus fundadores. Mais talvez, porém, que pelo valor intrínseco de sua obra, em todo o caso grande, serviu-a com a sua vontade decisiva de fazê-la de todo independente da portuguesa. Este propósito o arrastou, aliás, além do racional e do justo, com as suas desarrazoadas opiniões e, o que é pior, a sua desavisada prática, da língua que devíamos escrever e do nosso direito de alterar a que nos herdaram os nossos fundadores. Apesar da obstinação que pôs neste conceito, sobretudo depois que os escritores portugueses lhe malsinaram o propósito nacionalista, e sem embargo de incorreções manifestas, algumas aliás voluntárias, foi José de Alencar o primeiro dos nossos romancistas a mostrar real talento literário e a escrever com elegância. Afora os prosadores maranhenses, escritores