em desprezo e aversão; era sim a perda de um tesouro, que a seus olhos valia mil vezes mais do que ela, de uma formosa e adorável criatura, que o amava sincera e ardentemente, e a cujo amor por causa de Lucinda havia renunciado para sempre. Maldita a hora em que preferira o fatal juramento, que fizera ao primo de Paulina! maldito o estouvado e bronco pretendente, que veio estorvar-lhe o caminho da felicidade, que o céu como que de propósito tinha preparado diante de seus passos todo alastrado das rosas da esperança e do amor! mais maldita ainda a estulta constância e lealdade que guardara para com uma loureira caprichosa, que tão levianamente o esquecera! Um anjo como que lhe caíra dos céus, e se lhe entregava nos braços, e ele o repelira de seu seio por amor de uma mulher vulgar, de uma filha da terra sem fé e sem pudor!
Estas reflexões noite e dia amarguravam a alma de Eduardo, e quanto mais crescia a admiração e o amor, que concebera por Paulina, mais pungente era a angústia, que lhe ralava o coração. O mal era sem remédio; Eduardo, além de ser naturalmente dotado de instintos de lealdade e honradez a toda a prova, era paulista, firme e tenaz em seu propósito, incapaz de faltar à sua palavra e levando até ao fanatismo