muito tempo desejava falar ao tio no seu casamento com Paulina; mas tinha vergonha e acanhamento como uma moça. Todas as vezes, que ia a casa do tio, ia na firme resolução de falar-lhe francamente no negócio, mas apenas chegava à sua presença, a coragem o abandonava, falava muito, contava mil histórias, e por fim nunca dizia ao que ia.
Portanto compreende-se como lhe caiu a sopa no mel, quando Joaquim Ribeiro, francamente e sem rodeios, lhe declarou, que o mandara chamar com o único fim de comunicar-lhe, que era seu desejo efetuar com a maior brevidade possível o casamento dele com sua filha. O rapaz não cabia na pele de contente, e não pôde disfarçar aos olhos do tio sua alegria infantil e grotesca; estava como embriagado; beijou a mão do tio, e derretendo-se em protestos de gratidão e amizade tais parvoíces soltou, representou tantas farsas, que faziam sorrir o bom do velho, se não tivesse a alma tão carregada de graves e sombrios pensamentos.
Paulina não apareceu a seu primo senão muito tarde, à hora do jantar; desculpou-se com suas costumadas enxaquecas e indisposições; a coitada estava efetivamente mais pálida e desfeita que nunca. O primo desta vez já mais ousado não cessou de atormentá-la