mover-se; queria gritar, também não podia; teria morrido sufocada se meu pai, que estava perto de mim, não me acordasse...
– É singular!... ah! d. Paulina, esse sonho...
– Que tem esse sonho?...
– É uma imagem da realidade. Essa mulher era mesmo um dragão; atraiçoou-me;... achei-a casando-se com outro.
– Bem feito! exclamou Paulina com um acento indizível de malicioso prazer; – bem feito: foi castigo de Deus; porque fez tão pouco caso de mim.
– Diz bem, d. Paulina; foi mesmo castigo de Deus. Mas eu não queria parecer-me com ela. Que importa! nada perdi. Juro-lhe, d. Paulina, que depois que vi a senhora foi-me bem custoso não me esquecer dessa moça, e guardar-lhe a fidelidade que guardei.
– Deveras, sr. Eduardo!... pelo que vejo, quer-me bem...
– O meu amor para com a senhora, creio que não é de agora... creio que existia desde a primeira vez; mas ai de mim!... principiou infeliz, infeliz parece-me que vai acabar...a desgraça me persegue... hoje não me é permitido ofertar--lhe o meu amor...
– O seu amor!... exclamou Paulina sentando-se no leito, fitando no mancebo olhos ardentes, e sem atender que lhe apareciam quase nus