motivos bastantes para abençoarmos tua memória e execrarmos a de teus algozes.
- III
Era uma noite tenebrosa, horrenda, como essa que aí vai correndo.
Impetuosa ventania, zunindo pelos tetos da antiga e opulenta Vila Rica submersa no sono e no silêncio, impelia pelos ares camadas e camadas de espessa e frigidíssima neblina, e fazendo oscilar sobre seu poste a caveira do mártir da liberdade com sinistro estrépito, agitava-lhe os compridos cabelos castanhos ainda aderentes ao crânio.
Parecia que aquela cabeça heróica, bafejada pelo sopro da liberdade que rugia das montanhas, em seu fúnebre oscilar ameaçava ainda os tiranos, e lhes predizia a próxima ruína.
O pálido clarão da lanterna, que balouçava ao vento, ondulava lúgubre sobre a ossada branquicenta, desenhando ao vivo as cavidades negras dos olhos e a dentadura amarelada.
O pobre sentinela, talvez considerando que estava de guarda a um crânio ressequido que a