Página:Historia e tradições da provincia de Minas-Geraes (1911).djvu/35

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momento. – Aquele toque, sinhazinha, se ele não é de anta, quer me parecer que é de onça. Cachorro não está latindo alegre como quando toca veado, não.

– Ouça, Suzana!... ah! meu Deus! que medo! o que será de nós aqui sozinhas!...

– Não tem susto, sinhazinha; onça não vem cá, não; não está aí tanta gente pra matar ela?...

– Quem sabe, Suzana; – chama meu pai, chama depressa...

– Sossega, sinhazinha; – olha, lá vem eles todos...

De feito o fazendeiro, que ouvira também a tocada dos cães, tinha largado imediatamente o serviço e descia pela encosta acompanhado de alguns escravos armados de foices e machados, e vinham fazer frente ao animal que saltasse da mata.

Um momento depois um enorme animal amarelo malhado de preto surgiu da mata e, rápido como um corisco, saltando pelas coivaras se encaminhava para o lado do rancho, onde nesse mesmo instante chegavam dois possantes e reso­lutos negros, que o velho mandara a toda a pressa para fica­rem junto de Paulina. Os negros, que avistaram a onça, romperam numa horrível gritaria:

– É onça! é onça! acode gente!... mata! mata!–