Página:Historia e tradições da provincia de Minas-Geraes (1911).djvu/44

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pampas das regiões do sul, onde a vista em vão se cansa procurando em derredor um ponto, em que repouse, um pe­queno cômoro sequer e que interrompa a insípida uniformi­dade dos horizontes; nem como essas savanas e chapadões intermináveis, como os há nas províncias do norte e do centro, que o viajante palmilha de sol a sol sem que jamais lhe afa­guem os ouvidos o ramalhar da folhagem, nem o consolador murmúrio das torrentes, sem ver mais que campo e céu, e ouvindo apenas o zunido dos ventos, e o enfadonho zumbido das cigarras. De espigão em espigão varia a perspectiva, e apresenta novos e sempre risonhos panoramas.

No meio desses plainos por entre as manadas de gado sem conto vagueiam os veados, e as emas passeiam em bandos erguendo o esbelto e altaneiro colo até a altura de um ca­valeiro. O canto do campeiro, que anda pelos rincões arreba­nhando o gado, os trinos agudos da siriema, o pio melancólico da perdiz, e o monótono chiar do carro de bois, que atravessa os chapadões carregado dos produtos de pingues colheitas, eis os únicos sons, que de ordinário quebram o silêncio da­quelas afortunadas e risonhas solidões.

As vivendas dos fazendeiros são comumente construções toscas e singelas, ainda que cômodas