— Para que lado vai agora? perguntou Ernesto depois de algum silêncio.
— Vou ao Passeio Público, se o senhor lá não for, respondeu resolutamente o rival.
Ernesto empalideceu.
— Quer assim fugir de mim?
— Sim, senhor.
— Pois eu não; desejo até que haja uma explicação entre nós. Espere... não me volte as costas. Saiba que eu também sou atrevido, menos de língua ainda que de mão. Vamos, dê-me o braço e caminhemos ao Passeio Público.
O rapaz de nariz comprido teve ímpetos de atracar-se com o rival e experimentar-lhe as forças; mas estavam numa rua comercial; todo o seu futuro voaria pelos ares. Preferiu dar-lhe as costas e seguir caminho. Executava já este plano, quando Ernesto lhe gritou:
— Venha cá, namorado sem-ventura!
O pobre rapaz voltou-se rapidamente.
— Que diz o senhor? perguntou ele.
— Namorado sem ventura, repetiu Ernesto cravando os olhos no rosto do rival a ver se lhe descobria uma confissão qualquer.
— É singular, replicou o rapaz de nariz comprido, é singular que o senhor me chame namorado sem-ventura, quando ninguém ignora a triste figura que tem feito para obter as boas graças de uma moça que é minha...