Página:Historias da meia noite.djvu/17

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a parasita azul
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— Em carne e osso, interrompeu Soares; é o mesmo Leandro que lhe apparece agora todo barbado, como o senhor, que tambem está com uns bigodes bonitos!

— Pois não o conhecia…

— Conheci-o eu apenas o vi, apezar de o achar muito mudado do que era. Está agora um moço apurado. Eu é que estou velho. Ja ca estão vinte e seis… Não se ria: estou velho. Quando chegou?

— Hontem.

— E quando segue viagem para Goyaz?

— Espero o primeiro vapor de Santos.

— Nem de proposito! Iremos juntos.

— Como está seu pae? Como vae toda aquella gente? O padre Maciel? O Veiga? Dê-me noticias de todos e de tudo.

— Temos tempo para conversar á vontade. Por agora so lhe digo que todos vão bem. O vigario é que esteve dous mezes doente de uma febre maligna e ninguem pensava que arribasse; mas arribou. Deus nos livre que o homem adoeça, agora que estamos com o Espirito Santo á porta.

— Ainda se fazem aquellas festas?

— Pois então! O imperador este anno, é o coronel Veiga; e diz que quer fazer as cousas com todo o brilho. Ja prometteu que daria um baile. Mas nós temos tempo de conversar, ou aqui ou em caminho. Onde está morando?