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HISTORIAS DE REIS E PRINCIPES

—Diga da minha parte á condessa que lhe peço para tirar immediatamente a cabelleira. Que ridiculo para a minha côrte, se se soubesse!

Nem nas altas espheras sociaes o espirito feminino perde a fragilidade pueril que lhe é propria. A imperatriz, que dirigiu muitas combinações politicas, e que para esse effeito era sempre a mulher do imperador, deixava-se enleiar muitas vezes, como qualquer simples mortal, nas espiras d'essas duas serpentes graciosas que se enroscavam nos seus nervos de mulher: o sangue de hespanhola e a frivolidade parisiense.

Sempre que o ciume lhe cravava no coração a garrasinha adunca, apparecia na imperatriz a mulher, e só a mulher.

O imperador que, como sabemos, tivera pela imperatriz uma paixão de Romeu, principiára, dentro da primeira década da vida conjugal, a morder a maçã do paraiso terrestre.

Ora a condessa de Castiglione, filha das primeiras nupcias do marquez de Oldoini, ha pouco fallecido, fizera sensação quando pela primeira vez appareceu n'um baile costumé das Tulherias. A condessa ainda vive hoje. Deve estar velha, como todas as bellas damas d'aquelle tempo, mas a sua belleza era, em 1860, a de uma estatua grega, esculptural, posto que dura.

A imperatriz ardia em ciume por causa da condessa de Castiglione, que conseguiu distanciar da côrte. N'um dos ultimos bailes das Tulherias, em que