Saltar para o conteúdo

Página:Historias de Reis e Principes.djvu/23

Wikisource, a biblioteca livre
16
HISTORIAS DE REIS E PRINCIPES

ventre, eu muitas cousas pudera dizer em prova d'isto, mas abasta o que todo o mundo sabe, que matastes o Duque mal, e como não devieis e por mau respeito, e isto pudera bem provar por direito e leis e ordenações, mas porque seria longura será melhor que vamos pôr a batalha: eu estou aqui e affirmo uma duas ou tres vezes, que matastes o Duque mal e como não devieis, e aleivosamente, e o defenderei a quem por vossa parte me desafiar, e isto darei empreza para vós mandares tomar a D. Vasco não já que elle tomou, e d'esta guiza me devieis vós mandar matar que não á traição, como me dizem que mandais e se por vossa pessoa isto houvera de ser feito, bem sei que vos não porieis n'este risco, assim porque sabieis a verdade como por ali, e se isto se ordenar para que venha a fim, por aqui se saberá a verdade, porque eu espero que será n'isto tão inteiro juizo como em tudo, e se vos disto escuzardes n'elle espero que mostrará tal juizo de vós o qual merecem essas obras, e que vingará no sangue dos mortos, por mãos dos vivos, etc...»[1]

No final da carta, que é um documento importantissimo para a historia da época, allude Fernão da Silveira á phrase dita por D. João II ao moço da camara, phrase que determinou o seu procedimento contra o rei:

  1. Existente na Torre do Tombo, cella M, maço 1:104, fol. 381.