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Página:Historias de Reis e Principes.djvu/248

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e conquistado a independencia, o imperador previa nos destinos de uma nação, que não tinha cem annos de existencia e que já possuia a supremacia no seu continente, uma ameaça e um perigo para o mundo antigo.»

Pensava Napoleão que a Europa viria a ser esmagada pela concorrencia, especialmente agricola e industrial, da florescente republica do norte da America.

Os Estados-Unidos estavam novos, vigorosos, ricos, e a sua acção, encaminhada para a Europa, viria tolher o passo ás grandes nações europêas.

O momento pareceu azado a Napoleão para intervir. O sul dos Estados-Unidos estava em guerra com o norte. Pensou pois Napoleão III que não poderia ageitar-se melhor occasião para estabelecer, n'aquelles estados, uma scisão definitiva, e formar no Mexico um grande imperio latino, que supplantasse a republica americana, fraccionada e dividida.

Este foi, portanto, o pensamento, embora arrojado, exequivel, do imperador dos francezes.

A seu lado, nas Tulherias, a imperatriz Eugenia animava o plano audacioso de Napoleão III, não tanto por previsão politica como por sentimentalidade. Os exilados mexicanos iam levar ao conhecimento da imperatriz os seus desgostos e as suas lagrimas, pedir protecção e auxilio. Fallavam-lhe em hespanhol, a lingua patria da imperatriz, que decerto lhe avivava saudosas recordações de infancia, predispondo-a á benevolencia. Membros do partido clerical, os exilados identificavam a sua causa com a da religião