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IX

A retirada da expedição franceza déra alento a Juarez, que ameaçou ir cercar a capital.

Maximiliano, querendo poupar os habitantes da cidade aos incommodos e perigos do assedio, retirou-se para Queretaro, onde, com o auxilio de alguns generaes, que se lhe conservaram fieis, pudéra reunir um pequeno nucleo de tropas defensivas.

A sorte das armas deveria decidir da victoria entre o exercito do imperador e o de Juarez. Os acontecimentos futuros dependiam pois da vantagem que o azar dos combates désse a um ou a outro dos dois contendores. Mas o coronel Lopez, ajudante do imperador, apressou, dizia-se, o desfecho do drama com uma traição ignobil: vendêra Maximiliano aos juaristas por 2:000 onças de oiro. E todavia Lopez havia sido extremamente beneficiado pelo imperador com generosas dadivas, sabia-se<ref name="Nt8">Já depois de escripto este artigo, que foi suggerido pelo livro de madame Carette, appareceu no Gil Blas (de 25 de setembro de 1889) a cópia de um relatorio que o general Escobedo dirigiu ao general Porphirio Diaz, presidente da republica do Mexico, e que primeiro fôra estampado no Novo Mundo, jornal officioso do governo mexicano em Paris. O coronel Lopez, que ficára reduzido a viver do producto de uma casa de banhos que estabelecêra no Mexico, soffrêra durante vinte annos a accusação de traidor, que geralmente lhe era feita, e que sua propria esposa acreditou, porque, quando elle voltou ao Mexico, depois do fuzilamento de Maximiliano, ella esperára-o á janella, com um filho pequeno nos braços e, vendo-o chegar, gritára: «Tu és um traidor e eu não quero que esta creança seja o filho de um traidor». Dizendo isto, deixou cahir o filho á rua. Lopez tragára em silencio todas estas affrontas e injustiças, e só se resolveu a fallar, a pedir um testemunho rehabilitador ao general Escobedo, vinte annos depois! Escobedo respondeu officialmente com o relatorio, no qual declara que o coronel Lopez o procurara a 14 de maio de 1867 para lhe dizer que Maximiliano pedia que o deixassem embarcar, devidamente escoltado, no porto de Tuxpam ou Vera-Cruz, sob palavra de que jámais voltaria ao Mexico. Seria pois para occultar este acto do imperador, que Miguel Lopez teria guardado segredo. Lopez abonou a sua declaração com este bilhete, que Maximiliano lhe escrevêra, e cuja authenticidade o general Escobedo reconheceu: «Mon cher colonel Lopez. Nous vous recommandons de garder un profond silence au sujet de la commission dont nous vous avons chargé près du général Escobedo, car si ce secret était divulgué, notre honneur serait entaché. Votre très affectionné, Maximilien

Custa a acreditar que o coronel Lopez atravessasse silencioso vinte annos de descredito, mas, se assim foi, o seu nome está rehabilitado.