Página:Historias de Reis e Principes.djvu/281

Wikisource, a biblioteca livre

Tem sido realmente preciso dar tratos á imaginação para explicar phantasiosamente o caso d'essa demora imprevista, para satisfazer a justa curiosidade dos bebés, e se o accouchement da princeza Amelia tardar ainda mais alguns dias, receio muito que chegue a esgotar-se a imaginação dos pobres pais de familia.

Um dia são os pastores dos Pyrenéos que, sabendo que por alli passa um principesinho, se juntam para vêl-o, obrigando o portador a parar e a mostrar-lh'o.

Não tem o portador outro remedio senão parar, descobrir o bercinho, mostrar o principe.

Então os pastores querem beijal-o por força, e pedem ao portador que se demore emquanto elles vão buscar a melhor rez do seu rebanho para offerecel-a áquella linda creança.

Outras vezes é o portador que se enganou no caminho, por ser a primeira vez, depois de muitos annos, que traz um principe a Portugal.

Outras vezes é ainda o portador que, por ter caminhado com muita pressa, ancioso de chegar, cansou a meio do caminho e parou.

Finalmente, são as andorinhas que reclamaram para si o direito de vir trazendo o principesinho nas suas azas, mas como as andorinhas sejam pequenas ainda mais pequenas do que o principe, o emissario vê-se forçado a dar-lhes frequentes descansos.

Durante vinte e quatro horas, os bebés, não tendo ouvido os foguetes, acreditam na desculpa que