O dr. Ravara continúa a vêr-se embaraçado com as perguntas que lhe fazem, o snr. conde de S. Miguel deixa de jantar, a snr.ª Prévot vê-se sériamente atrapalhada, mas a verdade é que o principesinho não chega porque não tem vontade nenhuma de chegar.
E o principesinho tem razão.
—Aqui, dirá sua pequenina alteza, todos os anjos me tratam por tu e brincam commigo. Está-se muito bem, e elles proprios me informam de que lá em baixo ha um monstro terrivel, que devora a paciencia, e que se chama a Pragmatica. Eu tenho medo d'esse monstro, em respeito ao qual todas as pessoas passarão a tratar-me por alteza, a mim, que sou mais pequenino do que ellas!
E emquanto sua alteza assim monologava, sem querer chegar, Lisboa, desesperada por esperar, ia olhando para o Tejo para vêr subir as aguas da grande maré tão annunciada.
Mas a maré passou, só não chegou ainda a maré de sua alteza chegar n'um bercinho de verga doirada, deitado n'uma almofadinha de sêda, entre rendas e flôres, sobrescriptado para o Paço de Belem!
Pobre dr. Ravara!
Pobre snr.ª Prévot!
E pobres pais de familia, porque ámanhã, talvez, já os seus bebés não acreditarão em desculpas!