Costa e Silva, no Ensaio Biographico-critico, reproduziu a lenda d'esses suppostos amores do poeta, desventurosos por desiguaes. Conta-nos o seu desespero quando o rei de Portugal concedeu a mão da infanta ao duque de Saboya; o seu ermar solitario pela serra de Cintra, bradando ás penhas e entalhando no tronco das arvores o nome de Beatriz; finalmente, a partida do trovador para Saboya, sob o disfarce de peregrino, e o seu furtivo encontro em Saboya com D. Beatriz:
«Chegando alli depois dos trabalhos e perigos de tão longa jornada, indagou qual era a igreja onde a duqueza costumava ouvir missa, e esperando-a na porta, lhe pediu esmola quando passou. A duqueza, que logo o conheceu, apesar da differença do traje e do transtorno que as maguas e saudades haviam feito em suas feições, parou, e, dando-lhe esmola, lhe disse baixo em portuguez:
—Já lá vai o tempo dos antigos galanteios.»