No fim de tres mezes, Falcão adoeceu. A molestia não foi grave nem longa; mas o terror da morte apoderou-se-lhe do espirito, e foi então que se pôde vêr toda a affeição que elle tinha á moça. Cada visita que se lhe chegava, era recebida com rispidez, ou pelo menos com sequidão. Os mais intimos padeciam mais, porque elle dizia-lhes brutalmente que ainda não era cadaver, que a carniça ainda estava viva, que os urubús enganavam-se de cheiro, etc. Mas nunca Virginia achou n'elle um só instante de máu humor. Falcão obedecia-lhe em tudo, com uma passividade de creança, e quando ria, é porque ella o fazia rir.
— Vamos, tome o remedio, deixe-se disso, vosmecê agora é meu filho...
Falcão sorria e bebia a droga. Ella sentava-se ao pé da cama, contando-lhe historias, espiava o relogio para dar-lhe os caldos ou a gallinha, lia-lhe o sempiterno _Saint-Clair_. Veiu a convalecença. Falcão sahiu a alguns passeios, acompanhado de Virginia. A prudencia com que esta, dando-lhe o braço, ia mirando as pedras da rua, com medo de encarar os olhos de algum homem, encantavam o Falcão.
— Esta ha de fechar-me os olhos, repetia elle comsigo mesmo. Um dia, chegou a pensal-o em voz