Página:Historias sem data.djvu/222

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— Mas a gente jura é para isso mesmo; é para não gostar de mais ninguem...

— Deixa d'isso, Deolindo. Então você só se lembrou de mim? Deixa de partes...

— A que horas volta José Diogo?

— Não volta hoje.

— Não?

— Não volta; está lá para os lados de Guaratiba com a caixa; deve voltar sexta-feira ou sabbado... E por que é que você quer saber? Que mal lhe fez elle?

Pode ser que qualquer outra mulher tivesse egual palavra; poucas lhe dariam uma expressão tão candida, não de proposito, mas involuntariamente. Vêde que estamos aqui muito proximos da natureza. Que mal lhe fez elle? Que mal lhe fez esta pedra que cahiu de cima? Qualquer mestre de physica lhe explicaria a queda das pedras. Deolindo declarou, com um gesto de desespero, que queria matal-o. Genoveva olhou, para elle com desprezo, sorriu de leve e deu um muxoxo; e, como elle lhe fallasse de ingratidão e perjurio, não poude disfarçar o pasmo. Que perjurio? que ingratidão? Já lhe tinha dito e repetia que quando jurou era verdade. Nossa Senhora, que alli estava, em cima da commoda, sabia se era verdade ou não. Era assim que lhe pagava o que padeceu? E elle que