se um instante; depois, envergonhada e a medo, estendeu um pedacinho de papel ao Andrade, e perguntou-lhe onde ficava o numero alli escripto, Andrade disse-lhe que do outro lado do Rocio, e ensinou-lhe a altura provavel da casa. Ella cortejou com muita graça; elle ficou sem saber o que pensasse da pergunta.
—Como eu estou.
—Nada mais simples: Marocas não sabia ler. Elle não chegou a suspeital-o. Viu-a atravessar o Rocio, que ainda não tinha estatua nem jardim, e ir á casa que buscava, ainda assim perguntando em outras. De noite foi ao Gymnasio, dava-se a _Dama das Camelias_; Marocas estava lá, e, no ultimo acto, chorou como uma criança. Não lhe digo nada; no fim de quinze dias amavam-se loucamente. Marocas despediu todos os seus namorados, e creio que não perdeu pouco; tinha alguns capitalistas bem bons. Ficou só, sosinha, vivendo para o Andrade, não querendo outra affeição, não cogitando de nenhum outro interesse.
—Como a dama das Camelias.
—Justo. Andrade ensinou-lhe a ler. Estou mestre-escola, disse-me elle um dia; e foi então que me contou a anecdota do Rocio. Marocas aprendeu depressa.